Provinha de uma família arruinada, e também foi autodidata, como tantas outras mulheres na história (até onde poderiam chegar esses talentos femininos se pudessem ter estudo devidamente?). Mesmo assim, Marie conseguiu aprender latim e grego, física, geometria, literatura e história. Grande admiradora das obras de Montaigne, pôde conhecê-lo aos 23 anos. O filósofo tinha 54 e ficou impressionado com a inteligência da jovem De Gournay: animou-a a publicar e se transformou numa espécie de mentor para ela. Marie, que nunca se casou, levou uma vida economicamente precária, mas independente, como escritora e tradutora profissional. Editou e fez a introdução das obras completas de Montaigne depois de sua morte e publicou diversos textos próprios; o mais importante foi o tratado feminista Sobre a igualdade de homens e mulheres, no qual sustenta que uns e outras só diferem fisicamente, e que se as mulheres não estavam aptas a tratar de matérias como a ciência ou a filosofia, era simplesmente porque o acesso ao conhecimento lhes fora proibido. Ela sabia disso muito bem.
MONTERO, Rosa, Nós, mulheres: grandes vidas femininas, tradução Josely Vianna Baptista, São Paulo: Todavia, 2020.
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